Artigos Sobre Armas e Cães

 ABC da Espingarda



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Conceito de Espingarda
São armas de fogo portáteis, de cano longo e sem raiamento (alma lisa), com ampla gama de utilização na caça, tiro ao vôo, defesa, combate, etc. Na matéria, o autor enfatiza suas aplicações esportivas e de caça, mas, as informações nela contidas também serão de grande valia para os usuários de outras áreas.
Calibre
Os calibres (diâmetro interno do cano) das armas à bala são usualmente denominados em milímetros ou polegadas. Exemplo: o calibre .45 ACP, na denominação americana, significa que o diâmetro do cano (e do projétil) é de 45 centésimos de polegada, o que corresponde a 11,43 mm. Entretanto, os calibres das espingardas de chumbo foram estabelecidos há muitos anos e não foram baseados em qualquer sistema convencional de medida. Tomou-se, como base, o número de esferas de chumbo que perfazem uma libra.
Converteu-se uma libra (453,6 g) de chumbo puro em 12 esferas de iguais peso e diâmetro. Se uma dessas esferas se encaixava perfeitamente num determinado cano, o calibre deste era "12". Estas esferas tinha 0,730 polegada de diâmetro, ou seja, 18,5 mm. De igual peso de chumbo (1 libra), foram feitas 16 esferas e chegou-se ao calibre 16, assim procedendo-se com os demais calibres, com excessão do 36, pois, segundo esse critério, seria o calibre 67. O calibre 36 corresponde, na realidade, a 0,410 polegada, ou seja, 10,414 mm.
A medida do diâmetro da alma do cano pode variar em 0,40 mm, dependendo da broca usada na perfuração, se nova ou usada, conforme ficou estabelecido na Convenção de Stutgart, em 1913:

Calibre

Diâmetro em mm

10

19,3 - 19,7

12

18,2 - 18,6

16

16,8 - 17,2

20

15,6 - 16,0

24

14,7 - 15,1

28

14,0 - 14,4

32

12,75 - 13,15

36 (410)

10,414

"Choke"
De início, as primeiras espingardas eram de cano cilíndrico, ou seja, com o mesmo diâmetro interno. Com o passar dos anos, foi introduzido o "choke", que é um ligeiro estreitamento do diâmetro interno do cano, junto ou próximo à boca da arma. No nosso caso, a palavra "choke" será traduzida como "estrangulamento".
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Damos, a seguir, tabelas que mostram os estrangulamentos, com as medidas em milímetros, os grupamentos dos chumbos e as denominações normalmente usadas. Queremos assinalar que o "choke" pleno - estrangulamento total ou "full choke" - pode variar (no caso do calibre 12, por exemplo) de 0,9 a 1,1 mm, ocorrendo o mesmo para os demais "chokes" e calibres, nesta proporção.

"Choke"

12

16

20

24

28

32

36

Pleno

1,00 mm

0,85 mm

0,75 mm

0,75 mm

0,65 mm

0,55 mm

0,45 mm

3/4

0,75 mm

0,65 mm

0,55 mm

0,55 mm

0,45 mm

0,45 mm

0,30 mm

1/2

0,50 mm

0,45 mm

0,35 mm

0,35 mm

0,30 mm

0,20 mm

0,20 mm

14

0,25 mm

0,25 mm

0,20 mm

0,15 mm

0,15 mm

0,10 mm

0,10 mm

Cilindro

-

-

-

-

-

-

-

"Skeet"

0,20 mm

0,17 mm

0,15 mm

0,12 mm

0,10 mm

0,10 mm

-
O estrangulamento, em décimos de milímetro, diminui de acordo com o diâmetro do cano = calibre. Se uma espingarda calibre 12, cujo cano tem um diâmetro interno de 18,5 mm, tem um estrangulamento de 1 mm no "choke" pleno (reduzindo o diâmetro para 17,5 mm na boca), numa espingarda calibre 36, cujo diâmetro interno do cano é de 10,4 mm, o estreitamento para se conseguir o "choke" pleno será, conseqüentemente, menor, de aproximadamente 0,5 mm.
Grupamento
Os "chokes" dos canos controlam o grupamento da chumbada, que é usualmente determinado pela procentagem de bagos de chumbo que atingem um alvo (placa) de 75 cm de diâmetro a uma distância convencional de 35 metros (27 metros, para os calibres 28, 32 e 36). Esta porcentagem pode variar muito pouco com uma mesma arma, dependendo, em linhas gerais, do tamanho do cartucho, da carga de pólvora e do tamanho e número de bagos de chimbo usados no carregamento do cartucho. Mais importante que a porcentagem de chumbos que atingem o alvo é a distribuição uniforme dos mesmos dentro da área de impacto (alvo).

Estrangulamentos ("chokes")

Grupamento

Total ("choke" pleno)

70 - 75 %

3/4

60 - 65 %

1/2 (meio "choke")

50 - 60 %

1/4

40 - 45 %

Cilíndrico

35 - 40 %

"Skeet"

60 % (a 20 m)


https://images-blogger-opensocial.googleusercontent.com/gadgets/proxy?url=http%3A%2F%2Fwww.clubedetirobarrabonita.com.br%2Flogos%2F11pic16.jpg&container=blogger&gadget=a&rewriteMime=image%2F*Os resultados com uma arma de qualidade e cartuchos de boa procedência são, normalmente, os assinalados na tabela e devem apresentar uma distribuição (dispersão) uniforme.
Num cano cilíndrico, a dispersão do chumbo inicia-se ao sair do mesmo. No "choke" pleno, a carga de chumbo sai comprimida e a dispersão será menor, e, como lançam a carga a uma distância um pouco maior do que as outras formas de estrangulamento do cano, para o mesmo calibre, conclui-se que o grau do "choke" determina o alcance máximo da arma. O grupamento do cano de "choke" pleno, a 35 metros, também pode ser conseguido com o cano de meio "choke", a 30 metros, e pelo de 1/4 de "choke", a 25 metros.
https://images-blogger-opensocial.googleusercontent.com/gadgets/proxy?url=http%3A%2F%2Fwww.clubedetirobarrabonita.com.br%2Flogos%2F11pic15.jpg&container=blogger&gadget=a&rewriteMime=image%2F*Como se pode observar nos desenhos ao lado (Fig. A), os bagos de chumbo (ou aço) se deslocam no ar de modo semelhante a um enxame de abelhas, de forma ovalada. O cone de dispersão (Fig. B) irá aumentando no espaço, ao se afastar da arma. Esta dispersão, maior ou menor, será determinada pelo "choke" da espingarda.
Um cartucho Velox (nacional) calibre 20 carregado com 22,5 g de chumbo no. 7 (diâmetro de 2,5 mm) comporta aproximadamente 248 bagos. Portanto, se disparado de um cano de "choke" pleno, de acordo com as normas adotadas, teria que contar de 171 a 186 impactos dentro do círculo de 75 cm de diâmetro. Se o cano usado for de 1/2 "choke", serão aproximadamente 136 impactos (55%). O mesmo deve ocorrer, se usados outros tamanhos de chumbo.
Os chumbos utilizados para carregar cartuchos variam, normalmente, de 1,25 a 5,50 mm de diâmetro, sendo usados, ainda, balotes: um único projétil de chumbo de diâmetro equivalente ao calibre da espingarda.
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Como escolher os "chokes"
O "choke" deverá ser escolhido de acordo com a distância a que se pretende fazer o tiro de caça. Se o tiro é, normalmente, feito à distância de 35 metros ou mais, o ideal é o "choke" pleno ("full"). Para distâncias inferiores a 35 metros, "full" ou 3/4 é o recomendado. Em torno de 30 metros, 1/2 "choke", e 1/4, para distâncias em torno de 20 metros. Estudos têm demonstrado que a maioria das peças são abatidas a distâncias inferiores a 35 metros. As armas muito "chokeadas" não devem ser usadas para caça ao vôo, à curta distância, a não ser por atiradores hábeis e experimentados. Em mãos inexperientes, é tiro perdido.
Câmara
É o local, na culatra, onde se alojam os cartuchos. Existem dois tamanhos de câmaras, 70 mm (2 3/4 pol) e 75 mm (3 pol), sendo que as de 65 mm não são mais encontradas em armas de fabricação recente. A maioria das espingardas possui câmara 70, mas as adotadas para alvos distantes (por exemplo, ganso voando a grande altura) têm a câmara mais extensa, capaz de alojar os cartuchos Magnum mais potentes. Os cartuchos não ocupam todo o espaço interno das câmaras. O espaço excedente permite a expansão do estojo, por ocasião do disparo.
Comprimento do cano
Com as modernas pólvoras, o tiro alcança o máximo de velocidade muito rapidamente. Por isso, o comprimento do cano - respeitadas medidas não inferiores a 500 mm ou de comprimentos exagerados - tem pouca influência sobre sobre a velocidade do tiro, alcance, penetração, grupamento, dispersão ou energia de uma carga de chumbo. Independentemente do calibre, tudo se altera em função do "choke" ou da própria carga.
O comprimento do cano deve ser escolhido de acordo com a proficiência pessoal do atirador e tipo de tiro a ser feito. Um cano longo tende a aumentar o peso da arma, porém, aumenta a sua linha de visada. Um cano curto torna a arma mais fácil de manuseio, podendo ser usada com maior liberdade de ação para tiros seguidos e que exijam viradas constantes ("swing"). Um cano de 700 mm é de tamanho ideal para os diversos tipos de caça e "skeet", enquanto que, para "trap" e tiro ao pombo, 760 mm é o recomendado.
"A coronha que atira!"
Esta máxima, de princípios do Século 19, se tornou base fundamental do tiro com espingardas, principalmente, no tiro ao vôo. As coronhas devem ser de adaptação individual (pois "é ela que atira"), enquanto que os canos e "chokes" apenas executam as ordens por ela emanadas. Uma coronha apropriada substitui a alça de mira.
https://images-blogger-opensocial.googleusercontent.com/gadgets/proxy?url=http%3A%2F%2Fwww.clubedetirobarrabonita.com.br%2Flogos%2F11pic18.jpg&container=blogger&gadget=a&rewriteMime=image%2F*Existem três medidas importantes (mostradas no desenho ao lado) para qualquer coronha e que têm um efeito definitivo para o sucesso do tiro:
A) Comprimento: deve ser de acordo com a largura do peito e o tamanho dos braços de cada um. Superficialmente, o comprimento pode ser determinado com o braço dobrado em ângulo de 90 graus, colocando-se a coronha junto ao antebraço, de modo que a soleira apoie-se no braço (na junção deste com o antebraço) e a falanjeta do dedo indicador envolva o gatilho.
Uma coronha comprida pode machucar a axila ou os músculos do peito, não conduzindo a um tiro eficiente. Por outro lado, uma coronha curta produz um "coice" mais forte e poderá causar danos à bochecha do atirador.
B) Altura de crista: se a crista é muito baixa, o olho do atirador também ficará baixo quando a arma for apontada e o tiro irá atingir abaixo do alvo. Se a crista é muito alta, o oposto é verdadeiro. Certamente, o atirador estará colocando a arma de encontro à sua bochecha, sempre do mesmo modo e mesmo local, para todos os tiros.
C) Caimento na altura da soleira: do caimento da coronha dependerá a inclinação do(s) cano(s). Um caimento correto contribui para um correto alinhamento da visada e obedece à necessidade de não permitir tiros altos ou baixos.
A altura de crista de 41 mm e o caimento na soleira de 63 mm são médidas consideradas ideais por, pelo menos, 95% dos caçadores. Para o tiro de "skeet", os básicos são 39,5 e 63,5 mm, respectivamente. Para "trap", fossa olímpica e pombo, a coronha deve ser mais reta, com menos caimento na crista e na soleira (36,5 e 41 mm, respectivamente). Como os alvos devem ser atingidos enquanto subindo na trajetória, essas medidas reduzem o risco de mirar baixo.
Algumas coronhas têm um desvio lateral ("cast off"), de 4 a 6 mm, que permite apontar e visar mais rapidamente. Usa-se fazê-lo em coronhas de espingardas para tiro de "skeet", armas de caça para tiro ao vôo e "pombeiras".
Quaisquer alterações nas medidas da coronha somente devem ser executadas após algum tempo de uso da arma. Para cada tipo de tiro, deverá ser usado um determinado tipo de coronha.
Escolha certa para um tiro certo
Existem seis tipos básicos de espingardas: Tiro Simples (um cano), de Ferrolho (um cano),Mecanismo de Corrediça (um cano), Semiautomática (um cano), Canos Duplos Paralelos(normalmente, dois canos) e Canos Duplos Sobrepostos (dois canos). Para uma boa escolha, além dos tipos rapidamente mencionados, deve-se observar o calibre, formato da coronha, comprimento do cano, "choke", câmara, peso, equilíbrio, sistema de gatilho, extratores, preço e, principalmente, o uso que se pretende fazer da arma.
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Se o seu caso for adquirir uma só espingarda para diversas modalidades de tiro, você deve atentar que isto só é possível com restrições. Em princípio, para o tiro ao vôo, a espingarda "12" é a mais indicada por seu alcance de tiro e pela quantidade de chumbo que comporta, podendo ser usada, em alguns casos, para o tiro de caça ao vôo e esportivo. Quando usada para caça de pelo de pequeno porte, pode-se adaptar um redutor para calibre 20, por exemplo, apesar de não apresentar o mesmo desempenho de uma arma deste calibre, com desvantagens quanto ao tamanho e peso.
Para algumas caçadas nas montanhas, por exemplo, a espingarda "20", compacta, leve e manejável com rapidez, é ideal para tiro a curta distância sobre alvos em rápido deslocamento, como as codornas. Para caça pequena, de pio, a curta distância, o ideal é o calibre 36.
É bom lembrar que, quanto maior o diâmetro interno do cano, mais pólvora e chumbo poderão ser usados. Assim, uma arma calibre 12 pode disparar mais chumbo a maiores distâncias do que outra de menor calibre. Uma espingarda "36" comporta uma quantidade de chumbo 25% menor do que uma de calibre 20 e seu alcance útil é de pouco mais de 27 metros.
O tipo de espingarda mais usado atualmente é a de dois canos sobrepostos, monogatilho, extratores automáticos e seletor de cano, podendo, ainda, ter um par de canos extras.
Cartuchos
https://images-blogger-opensocial.googleusercontent.com/gadgets/proxy?url=http%3A%2F%2Fwww.clubedetirobarrabonita.com.br%2Flogos%2F11pic19.gif&container=blogger&gadget=a&rewriteMime=image%2F*Infelizmente, não temos condições de falar muito detalhadamente sobre a munição de espingardas, mas, informamos que, para um mesmo calibre, existem diversos tipos de cartuchos (carregamentos), que poderão influir decisivamente no desempenho da arma. Além do tipo do cartucho, propriamente dito (de plástico, metal, papelão, de fundo chato ou redondo), do chumbo usado (uniforme em peso, diâmetro e forma - comum, endurecido ou cromado), existem as espoletas, pólvoras, buchas e muitos outros fatores que alteram o tiro.
Sobre as buchas, vamos mencionar apenas três detalhes que podem modificar o tiro: a bucha resistente, mas elástica e leve (de feltro), abandona o chumbo logo ao sair do cano e não perturba sua distribuição; a bucha dura, espessa e pesada, acompanha o chumbo muito além do cano e com velocidade suficiente para perturbar sua distribuição normal; e a bucha quebradiça, que esmaga-se no cano e esfacela-se ao sair dele, misturando-se os seus fragmentos com o chumbo, diminuindo-lhe o alcance, penetração e distribuição. As buchas mais usadas, atualmente, são as de plástico.
Cargas de chumbo e de pólvora
Um livro sobre o assunto seria pouco, mas, vamos dar um só exemplo: o excesso de chumbo, em relação à polvora, faz um tiro compacto e sem eficiência; muita pólvora, em relação ao chumbo, produz dispersão irregular e desordenada.


Lembretes Úteis
  • Faça a pontaria com os dois olhos abertos.
  • Leve a arma de encontro à face (bochecha) e, depois, coloque-a no ombro, sempre do mesmo modo e no mesmo local.
  • Faça a visada "pegando" toda a fita da espingarda.
  • Não olhe por cima, para ver se você está mirando certo. Lembre-se que os seus olhos estão funcionando como alça de mira. Quando você pressiona a arma contra a bochecha, ela deve permanecer ali.
  • No tiro ao vôo, mantenha sempre o curso de movimento durante e após o tiro ("follow through").
  • Evite atirar tenso - relaxe-se.



Caçada de Perdiz, Cachorro perdigueiro.



por José Márcio Castro Alves
A caça é antes de tudo um atavismo.

No caso dos sertões de São Paulo, com o passar dos anos, a caçada nos cerrados paulistas se transformaria em esporte, como nos moldes dos caçadores ingleses. Os veadosMateiro e Catingueiro eram os alvos e os motivos de muitos grupos de caçadores, assim como a pescaria. Sobre as caçadas de perdiz, o propósito era mais o júbilo e competição entre os caçadores, além da confraternização que as caçadas proporcionavam em ranchadas que duas ou mais semanas. A necessidade da perdiz como alimento era secundária, muito embora seja um prato bastante apreciado.


Armando Vicentini, filho de imigrantes italianos, foi um dos primeiros caçadores de Altinópolis a se aventurar pelos sertões de Mato Grosso e Goiás na primeira quadra do Século XX em caça à perdiz, ave do porte de uma galinha D’Angola distribuída pelos cerrados e caatingas de todo o Brasil. São lendárias as muitas histórias de bons cachorros perdigueiros que amarravam as perdizes camufladas nas moitas em aviso ao caçador. Ao sinal, o cachorro avançava e ave decolava em vôo retilíneo, facilitando o abate pelos exímios atiradores.

Armando Vecentini começou por levar os filhos Dirceu, Dicleu e Dairo a praticar o esporte. Após os anos 1940, eram famosas a turma dos caçadores que, a cada ano, faziam fama na pequena Altinópolis. Amigos e parentes agregavam-se na turma de caçadores, bem como os agricultores Nilton e Osmaldo Vicentini, Odamir, Edson, Edmar, os irmãos Crivelenti ( Dr. Alberto e o filho Albertinho, Élcio e Cláudio), Clarindo, Antonio e Paulino Viccari, Raul e Jair Osório de Oliveira, Totonho Raimundo de Assis, os irmãos Bendazzoli Paulo, Otávio e Américo, Arlindo Canassa,Cassiodoro Rechinho (o maior leiloeiro de Altinópolis), Hélio Barroso, Celso Barbosa, o japonês Arujiro Nagao, Wagner Ferrero, Edmilson e Nelson Lellis Marques, e muitos outros amigos.
No filme produzido pelo cinegrafista e fazendeiro Darcy Crivelenti Palma, em 1959, editado por José Márcio Castro Alves e narrado por um dos protagonistas, Dirceu Vicentini, um resgate emocionante de como eram as caçadas de perdiz, num tempo em que a palavra ecologia sequer existia. Vejam o vídeo.

                                                                                                         




A nutrição dos Cães nas diversas fases da vida

           

 Os cães há séculos vem acompanhando a espécie humana em seu desenvolvimento, ligado por laços afetivos, como leais companheiros ou até mesmo como fonte de renda. Contudo, apesar dos longos anos de convivência, o ser humano ainda encontra dificuldades em fornecer os cuidados mínimos necessários a seus animais. Os cães constituem entre as espécies animais aquela que maior variação apresenta em seu peso adulto, variando desde as raças miniaturas até as raças gigantes.
            A nutrição é a ciência que estuda as necessidades diárias de todos os nutrientes (proteínas, gordura, carboidratos, vitaminas, minerais e água) sendo que os requerimentos nutricionais variam conforme a idade, o estado físico e o modo de vida do animal.  O objetivo é fornecer uma dieta balanceada para uma necessidade fisiológica específica e individual para cada estágio da vida e a melhora do desempenho animal.
            Uma nutrição adequada é um fator determinante para um correto desenvolvimento do filhote e propicia condições para uma excelente saúde geral e desempenho futuro. Uma nutrição inadequada, excesso ou deficiência de nutrientes pode resultar em alterações fisiológicas, predispondo o organismo animal a sérios problemas, como o mau desenvolvimento corporal e má constituição óssea, obesidade e alterações reprodutivas.

Métodos alimentares:

            Há três métodos de alimentação: livre escolha, alimentação de tempo controlado, e a alimentação com rações controladas. A livre escolha é quando há mais alimento do que o animal consome e sempre disponível, onde se limpa o prato do animal todo dia e renova-se o alimento. A alimentação de tempo controlado fornece ao animal mais alimento do que ele consome dentro de um período de tempo, geralmente entre 5-30 minutos e depois se retira. A alimentação com ração controlada administra-se ao animal uma quantidade específica de alimento, porém inferior a quantia que o cão comeria se o alimento não fosse restrito. Ambas alimentações são administradas uma ou mais vezes por dia.
            O método de livre escolha apresenta algumas vantagens como: causa um efeito de tranqüilidade ao ambiente, desestimula a coprofagia, e diminui a agressividade entre os animais. Mas também apresenta desvantagens: o cão com anorexia não é diagnosticado, principalmente quando possui mais de um cachorro, outro problema é que o cão pode vir a ficar obeso. Esse método pode ser variado entre os cães, pois alguns comem em pequenas refeições várias vezes ao dia, enquanto outros comem uma grande refeição uma vez ao dia. Recomenda-se que seja utilizada em filhotes que já alcançaram 90% de peso adulto, prevenindo doenças esqueléticas.
            A alimentação com refeições controladas é o melhor método, pois permite ao criador um alto grau de controle sobre a dieta do animal. Esse método permite que o proprietário acompanhe o consumo alimentar do animal e observe qualquer alteração na ingestão ou comportamento alimentar. A desvantagem é que requer mais tempo e conhecimentos do criador, normalmente esse problema ocorre quando há um grande número de animais.
Animais alimentados somente durante a noite suplicam alimento o dia todo e são inquietos, e os que são alimentados durante a manhã suplicam janta e choram durante a noite, portanto para minimizar esses problemas o melhor é uma alimentação pela manhã e uma pela noite que também previne a dilatação gástrica aguda e vólvulos e torções.
Evitar aperitivos e restos, o excesso desses alimentos resulta em dieta inadequada, desbalanceada, e obesidade. Evitar doces, ossos pequenos, ossos de galinha, pois podem acomodar-se na boca ou no trato gastrintestinal, e quebrar os dentes.
A dieta apropriada é rica em fibras, pois aumenta a quantidade gastrintestinal e diminui a densidade calórica tendo como desvantagem a quantidade de fezes produzidas em maior quantidade, mas é vantagem no tratamento da coprofagia. Os carboidratos fornecem energia. E os principais minerais são o cálcio e o fósforo que são úteis nas ossificações e formação de dentes. A deficiência de nutrientes é comum em cães alimentados com dietas pobres, inadequadas ou caseiras.

Tipos de rações:
            Existem vários tipos de alimentos comerciais como: seca, semi-úmida, e úmida. A ração enlatada (úmida) é rica em calorias e gorduras, usualmente 80-83% de água, portanto é uma ração desbalanceada. A ração semi-úmida tem 55% água e alto nível de sal e açúcar para a preservação. E a ração seca tem somente 9-11% água apresenta a mesma qualidade de ingredientes que os outros tipos, mais econômica, fáceis de usar e armazenar, mais barata, palatável, menos odor e muito melhor para o cão porque os animais que se alimentam de ração seca apresentam menos desarranjo intestinal, diarréia ou constipação, menos problemas com ganho de peso e ajuda no controle de placas dentárias. É importante administrar água fresca, para reidratar a digestão estomacal, principalmente de animais que comem ração seca. As rações comerciais são formuladas para conter a quantidade adequada de nutrientes quando proporciona ao animal uma quantidade de alimento adequada as suas exigências nutricionais, portanto quando os proprietários optam pela comida caseira, deve-se ter a preocupação de assegurar que a dieta seja completa e equilibrada e que seu teor nutricional e ingredientes sejam sempre os mesmos.
           
A cadela lactante:
            A fêmea lactante deve receber todos os nutrientes na sua dieta, pois o leite é a principal fonte alimentar para os filhotes após o nascimento. Recomenda-se fornecer um alimento de qualidade, incluindo altíssima palatabilidade para estimular a alimentação, alta digestibilidade para reduzir o volume e alto teor energético, sendo administrado através de várias pequenas refeições diárias, proporcionando condições para a produção de leite suficiente, atendendo a demanda dos filhotes nas primeiras três semanas de idade.
            Durante a lactação há um aumento da necessidade energética e de outros nutrientes, portanto, recomenda-se um alimento extra e de boa qualidade durante esse estágio da vida. O carboidrato é um componente indispensável. Há alguns cuidados que devem ser seguidos durante a amamentação como: oferecer uma dieta altamente digestível e rica em nutrientes, fornecer a quantidade adequada de calorias para prevenir uma excessiva perda de peso, administrar de duas a três vezes a quantidade de alimento necessária à manutenção durante a lactação, no auge da amamentação optar pela dieta de livre escolha e dar pequenas quantidades de alimentos várias vezes ao dia, água limpa e fresca sempre a disposição, e após há quarta semana reduzir lentamente a quantidade de comida oferecida à cadela.
            O conteúdo de lactose do leite de vaca é quase três vezes maior que o da cadela. E o leite da vaca contém 15% a menos de proteína do que o da cadela.  O leite da cadela possui alto teor de gordura e proteína, sendo assim o seu valor energético é duas vezes maior. Portanto, se filhotes são alimentados com o leite da vaca, podem desenvolver um quadro de diarréia devido à intolerância à lactose.

A nutrição do filhote na amamentação:
            Nas primeiras 12 horas de vida, o filhote recebe o colostro, este fornece nutrientes, água, fonte de crescimento, enzimas digestivas e imunoglobulinas materna, importantes para o crescimento e desenvolvimento fetal. Nas -3 primeiras semanas de vida, o filhote é amamentado, recebendo somente o leite materno, e apresenta 10% ganho de peso por dia. Se a amamentação não é adequada, o neonato apresenta choro constante, preguiça e perda de ganho de peso.
            O leite materno melhora a absorção de nutrientes, controla o crescimento e desenvolvimento neonatal, e auxilia na colonização de epitélios com bactérias benéficas. A amamentação máxima do filhote, ou seja, quando ele mais mama ocorre por volta da terceira ou quarta semana após o parto e segue-se a introdução de uma dieta sólida ou semi-sólida para os filhotes. Após há quarta semana, a quantidade de leite consumida pelos filhotes diminuí e aumenta gradualmente a ingestão de alimentos sólidos.
            Portanto a alimentação recomendada ao filhote é a de livre escolha, pois o alimento fica disponível ao filhote e encorajá-o a consumir alimento sólido mais cedo. Se optar por refeições realizar no mínimo três refeições diárias.       Caso a amamentação não seja eficaz, é necessário alimentar os filhotes com um substituto de leite, podem ser feitos em casa, ou vendidos comercialmente. Utiliza-se de 3 a 4 refeições diárias, o leite deve ser aquecido a 37,8ºC. Administrado na mamadeira, seringa ou tubo alimentar.

A nutrição no desmame:
            O desmame deve ocorrer por volta de seis semanas de idade. O desmame precoce ou separação prévia da mãe, pode levar a má nutrição ou inúmeros problemas comportamentais mais tarde, portanto recomenda-se o desmame completo quando o filhote estiver com no mínimo 6 semanas e o contato com humanos já tenha sido estabelecido. Caso a ninhada apresente um crescimento lento, recomenda-se o uso do substituto de leite. Essa mudança deve ser gradual.
            A nutrição no desmame é realizado da seguinte maneira: um mingau grosso, ou seja, uma mistura feita com comida seca misturado com três partes de água ou duas partes de comida enlatada com uma parte de água. O mingau é colocado em um prato raso ou força-se à alimentação usando uma seringa. O filhote é encorajado a lamber, ou o alimentador coloca o dedo no mingau e depois dentro da boca do filhote. Assim que o animal esta comendo o mingau, gradualmente reduz a água, até que esta seja totalmente eliminada. E introduz o alimento seco com seis semanas de idade.
            No desmame recomenda-se vários refeições diárias. Em cada alimentação o filhote recebe 15-20 minutos para alimentar-se e então se remove a comida. Após os seis meses para raças pequenas e médias e nove meses para raças grandes e gigantes o ideal é duas refeições diárias em horários regulares.
O desafio da alimentação de crescimento dos filhotes é fornecer energia adequada e nutrientes essenciais e evitar a taxa de crescimento rápido. Uma alimentação de crescimento apropriada fornece nutrientes adequados e energia em volumes que podem ser facilmente consumidos pelo filhote. Suplementação com carne, restos de refeições ou outros itens não é recomendado, porque provavelmente causam uma nutrição deficiente ou excesso, ou ambos.  É importante que um bom alimento formulado com boa qualidade para filhotes seja administrado diariamente com intervalos regulares e que tenha água fresca e limpa na tigela todo o tempo.

Cuidados nutricionais dos filhotes em crescimento:
            O crescimento do filhote inclui manutenção necessária similar ao adulto, energia e substratos necessários para o crescimento tecidual rápido. Caso a taxa de crescimento seja lenta há uma deficiência nutricional. Na fase do crescimento o veterinário deve avaliar o animal, peso corpóreo, condição corporal, a dieta, e o método alimentar.
            O objetivo da alimentação é atender ao crescimento complexo, a interação entre nutrientes, genótipo, meio ambiente, hormônios e receptores, portanto é necessário administrar uma dieta adequada. Há alguns objetivos a serem seguidos, como: a dieta deve conter uma correta quantia e equilíbrio de nutrientes de modo que suporte todas as funções corpóreas normais, ser palatável e digestível para encorajar o consumo adequado, a alimentação deve permitir o desenvolvimento normal do filhote, a sua atividade e a sua saúde, o crescimento deve ser alcançado em uma taxa que permita que o filhote manifeste o seu potencial genético, sendo assim os ossos longo são capazes de crescer longitudinalmente antes do fechamento dos discos epifisários.
            Alimento de alta digestibilidade há maximização do uso de nutrientes consumidos. O alimento digestível e com boa densidade energética é essencial para o crescimento animal, pois os cães em crescimento necessitam de mais nutrientes, pois possuem uma capacidade digestiva menor, boca menor, dentes menores e consomem menores quantidades de alimentos.
            Um sinal importante de saúde do filhote é o adequado ganho de peso corporal. As dietas comerciais são ideais e devem ser administradas até que o filhote alcance 75% do peso adulto. Os alimentos de difícil mastigação mantêm o filhote entretido e melhora a saúde dos dentes, exercita a gengiva e limpa os dentes. Sugere fornecer água a vontade, porque o animal não pode perder mais do que 15% de sua água corpórea. Este é o nutriente mais importante.
            Recomendam-se duas refeições diárias, permitindo que o filhote alimente-se aproximadamente por 20 minutos para comer a quantidade desejada. A suplementação com carnes, restos, ou quaisquer outros itens podem gerar um desequilíbrio nutricional ou até mesmo uma alimentação seletiva, ou seja, o animal pode apresentar alguma restrição nutricional. Os filhotes em crescimento requerem duas vezes mais energia por unidade de peso corpóreo do que os cães adultos. Os cães requerem energia para o crescimento rápido, termoregulação e manutenção.
           
Cuidados nutricionais dos órfãos:
            A morte da mãe após nascimento dos filhotes, fêmeas doentes, ou que abandonam a cria, instintos maternos pouco desenvolvidos, filhotes grandes, são as causas de filhotes órfãos. Há duas possibilidades para cuidar do filhote, a primeira é a substituição da mãe ausente por outra em estágio de lactação apropriado, esfregando os recém-nascidos com um pano com o cheiro da mãe adotiva e da secreção de seus filhotes, se isso não for eficiente o proprietário deve substituir as funções da mãe como: nutrição, manutenção da temperatura corpórea, e estímulos que garantam a realização das funções vitais dos recém-nascidos.
            A alimentação pode ser de forma artificial, através do fornecimento de leite com formulação preestabelecida. As fórmulas comercialmente preparadas são preferidas para a alimentação de filhotes órfãos, mas as fórmulas caseiras também podem ser utilizadas.
            Os filhotes órfãos devem ser alimentados 4 vezes por dia, com a fórmula quente e sempre com o material limpo. Depois de alimentados o abdome fica dilatado, o alimento é suficiente quando satisfaz o apetite do órfão.
            Para a alimentação utiliza-se colher, conta gotas esses são mais prováveis de resultarem em pneumonia aspirativa, melhor recomendado mamadeira ou tubo alimentar. Nas primeiras semanas de vida, após alimentação deve-se fazer o animal soluçar, lavar a área genital com água quente e algodão úmido para estimular micção e defecação.
            A alimentação do filhote órfão é mais utilizado o tubo alimentar, utiliza-se um tubo infantil número 5 para filhotes pesando menos do que 300g e o número 8-10 acima de 300g. O comprimento do tubo vai da narina até a última costela do animal.
            A boca do animal é aberta levemente, com a cabeça do animal na posição de amamentação, introduz o tubo alimentar, caso sinta uma obstrução ou tosse significa que o tubo está na traquéia, e se continuar a injetar o alimento, o animal apresenta pneumonia aspirativa ou se sufoca. Se isso não ocorrer, o tubo está no, local certo, portanto lentamente administra-se o leite por um período de 2 minutos para permitir o enchimento lento do estômago. O tubo é retrocedido após administração de metade da refeição, o animal arrota e insira novamente o tubo e o resto da refeição, então o animal arrota novamente, estimula micção e defecação, e o abdome fica redondo e cheio. Se ocorrer regurgitação do leite, o tubo é retirado, interrompe-se a alimentação até a próxima refeição. Alimentação exagerada é uma causa comum de diarréia em cães órfãos.
            Quando o filhote órfão estiver entre três e quatro semanas de idade introduz a alimentação sólida, e água sempre à vontade, permitindo que o animal acostume-se a mastigar e deglutir alimento sólido possibilitando que seu conduto gastrintestinal adapte-se ao novo alimento, e com seis ou sete semanas de idade o filhote só consome alimento seco normal para cães. A partir da terceira semana deve-se oferecer alimentos enlatados de boa qualidade sozinhos ou associados com o substituto do leite. O desmame não deve ocorrer até os filhotes atingirem 6 semanas de idade.
            Alguns cuidados devem ser seguidos para a alimentação do filhote órfão como: proporcionar um ambiente cálido e limpo, ao abrigo das correntes de armazenamento, alimentá-los com um substituto do leite e estimar a quantidade correta de preparado, baseando-se no peso e idade do animal, dividir a alimentação em quatro ou cinco refeições diárias. Alimentação com mamadeira ou sonda e pesar os órfãos regularmente, uma vez por dia, na primeira semana e duas a três vezes por semana nas seguintes, começar com o alimento semi-sólido as três ou quatro semanas de idade, mudar para alimento seco para animais às seis semanas de idade.

Roberta Todisco Genaro

2 comentários:

  1. boa noite gostaria de saber qual melhor calibre de espingarda para caça de perdiz?

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  2. Excelente o teor do assunto, amo caçadas e cães.

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